Militantes e cientistas afirmam que a pecuária bovina está destruindo as florestas e propõem um boicote
João Meirelles Filho pertence à terceira geração de pecuaristas em sua família. Formado em Administração, passou dez anos gerindo fazendas de gado em Mato Grosso do Sul. No fim da década de 90, sua carreira mudou. Com a chegada do ecoturismo à região, Meirelles acordou para os impactos ambientais de algumas atividades, como a pecuária. Deixou de comer carne. Largou as fazendas e mudou-se para Belém, onde fundou uma ONG para defender a Amazônia. Hoje, vegetariano, é um dos que pregam a redução no consumo de carne bovina para salvar a floresta. "Parei de comer carne aos 40 anos", diz. "É prova de que qualquer um pode mudar seus hábitos."
APETITE: Meirelles no Mercado Ver-o-Peso,
em Belém. Ex-administrador de fazendas,
ele largou o negócio para militar contra a carne
Meirelles faz parte de um movimento que cresce em todo o mundo. Para essas pessoas, os bifes de nossas refeições diárias são a causa da destruição de vários ecossistemas naturais, como a Amazônia. É uma idéia incômoda, mas tem lógica. Afinal, 78% do desmatamento na Amazônia aconteceu para abrir espaço para os pastos, segundo o Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O argumento é que, se o consumo de carne cair, também se reduz a pressão para expansão dos pastos sobre a floresta. Mas reduzir o consumo de carne - ou boicotá-la - vai mesmo preservar a floresta?
Os pecuaristas desmataram uma área equivalente ao Estado de Minas Gerais na Amazônia
Parar de comer carne sempre foi a bandeira dos vegetarianos. Suas razões eram principalmente a saúde humana e os direitos dos animais. Hoje, o foco mudou. "Agora o meio ambiente pesa na decisão de não comer carne", diz o biólogo Sérgio Greif, da Sociedade Vegetariana Brasileira. Um dos pioneiros nessa nova onda foi o pesquisador britânico Norman Myers, da Universidade de Oxford, um dos mais respeitados naturalistas do mundo. Na década de 80, criou o termo"Conexão Hambúrguer" para ligar o consumo de carne nas redes de fast-food dos Estados Unidos à destruição das florestas na América Central.
Um dossiê inspirado no termo de Myers foi feito em 2003 pelo Centro para Pesquisa Florestal Internacional, desta vez sobre a Amazônia. De lá para cá, a causa só cresceu.
Um dos mais expoentes adeptos da campanha por menos carne e mais florestas é o biólogo americano Edward Wilson, da Universidade Harvard. Segundo ele, só será possível alimentar a população mundial no fim do século, estimada em 10 bilhões de pessoas, se todos forem vegetarianos. "O raciocínio é matemático", diz Greif. Para ele, alimentar os bois com pasto ou grãos é o meio menos eficiente de gerar calorias. A produção de grãos de uma fazenda com 100 hectares pode alimentar 1.100 pessoas comendo soja, ou 2.500 com milho. Se a produção dessa área for usada para ração bovina ou pasto, a carne produzida alimentaria o equivalente a oito pessoas. A criação de frangos e porcos também afeta as florestas. Para alimentar esses animais, é necessário derrubar árvores para plantar soja e produzir ração. Mas, na relação custo-benefício entre espaço, recursos naturais e ganho calórico, o boi é o pior.
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1 comment:
Oi Lucas,
Obrigada pelo comentário e por colocar meu blog na tua lista de sites. Também coloquei o teu.Um abraço.
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